quarta-feira, 17 de maio de 2017

180.º aniversário da igreja de Pardilhó




A actual igreja de Pardilhó veio substituir outra mais antiga que ficava um pouco a poente, na curva onde se vira para a Quinta do Rezende, onde ainda se encontra uma pedra de granito com a data de 1740 inscrita, juntamente com as chaves de S. Pedro. Essa primeira igreja ter-se-á edificado no século XVII, possivelmente sendo a ampliação de uma mais antiga capela de S. Pedro.

Em 1798 iniciaram-se esforços para obter os fundos necessários à construção da actual igreja, que se concretizou num terreno de pinhal ligeiramente elevado, próximo da anterior. A aquisição desse terreno pela Confraria do Santíssimo Sacramento, a entrega da obra ao empreiteiro e o início da construção ocorreram no ano de 1812. Os trabalhos prolongaram-se no tempo, devido a vicissitudes várias, passando pelas mãos de dois empreiteiros diferentes: António da Silva, de Pardilhó, e Manuel Lourenço Afonso, de Avanca.

Terá sido no dia de S. Pedro de 1835, faz agora exactamente 180 anos, que foi inaugurada a actual igreja de Pardilhó, a fazer fé no testemunho inscrito pelo pároco de então no Livro do Registo Paroquial: «Baptizados na Igreja Nova desta Freguezia de S. Pedro de Pardilhó em q se Celebrou pela p.ra vez em dia de S. Pedro de 1835 são os seguintes» (Arquivo Distrital de Aveiro, Registos Paroquiais de Pardilhó, Lv. 13, fl. 55v). Segue-se no livro o assento de dois baptismos, realizados nesse mesmo dia, os primeiros na actual igreja. Embora continuassem obras na igreja durante anos, pode-se dizer que a sua inauguração ocorreu no dia de S. Pedro de 1835.

Dias depois, em 2 de Julho de 1835, celebrou-se o primeiro casamento na nova igreja. Já os funerais, que antes eram feitos na igreja velha ou na capela de Santo António, foram pela primeira vez realizados no cemitério em 28 de Julho de 1835, dando execução à nova lei que instituiu essa mudança. Assim, a nova igreja não chegou a acolher enterramentos, embora tenha sido construída preparada para isso, sendo hoje das poucas que mantém intocados os seus taburnos, isto é, o piso dividido em sepulturas. O primeiro cemitério de Pardilhó, que durou cerca de um século, ocupava o espaço entre a antiga e a actual igrejas, no que hoje chamamos o jardim de baixo.

Na imagem que aqui se reproduz vê-se o centro da freguesia de Pardilhó tal como era no ano de 1892, estando à esquerda a antiga capela de Santo António (demolida em 1926), a igreja actual inaugurada como se disse em 1835, entre ambos os templos o celeiro do dízimo do Mosteiro de Arouca (que deixou de lhe pertencer em 1848 e foi demolido em 1906) e a poente o cemitério velho, que durou entre 1835 e 1938, quando foram removidas as últimas ossadas. À direita lê-se uma referência a “Casa d’Escola”, que é a escola do Pe. José Lopes Ramos, onde fez a instrução primária Egas Moniz. A imagem provém da planta do “Lanço de Estrada de Areia do Gonde ao Bunheiro” (1892), um projecto para reforma e alargamento da estrada, até aí um caminho apertado cheio de curvas, que se encontra no Arquivo Municipal de Estarreja.

Posteriormente a igreja de Pardilhó teve obras em várias ocasiões, de reparo ou melhorias, sendo de referir as ocorridas entre 1967 e 1969, dando-lhe o aspecto que hoje tem, por dentro e por fora.

De tudo isto se trata com mais pormenor no meu livro “História do Centro Paroquial e da Paróquia de Pardilhó”, editado em 2012 pelo Centro Paroquial de Pardilhó, que ainda o tem à venda, revertendo todo o produto da venda para a obra social do Centro Paroquial.

In O Concelho de Estarreja, n.º 4275, 23.6.2015, p. 3

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