Estão a cumprir-se 350 anos da fundação da feira de Santo Amaro, na freguesia de Beduído, concelho de Estarreja. Criada por despacho da mesa do Desembargo do Paço, datado de 23-12-1662, e consequente alvará de D. Afonso VI, de 20-1-1663, na sequência de uma petição dos moradores da freguesia de Santiago de Beduído e suas anexas. Desde início realizou-se junto da capela que lhe deu o nome, junto da antiga Estrada Real que, antes de existir a nossa actual E.N.109, ligava Aveiro ao Porto.
A feira tornou-se importante, a maior do concelho e uma das primeiras na sua região, nas transacções de gado (em particular o bovino) e mercadorias. Era considerada o principal destino dos vendedores de Aveiro em 1724, e o Recenseamento Geral dos Gados de 1870 apontava-a como uma das preferidas no distrito, para a transacção do gado bovino de raça marinhoa.
Os vários tipos de gado (para além de diversos bens), oriundos de diferentes regiões do país, transaccionavam-se principalmente de Novembro a Abril, segundo informa o Inquérito Industrial de 1865. Por seu turno, uma reportagem regionalista publicada num jornal nacional de 1927, informava que a feira de Santo Amaro fornecia então de carne bovina as cidades de Lisboa e Porto, entre Março e Abril (próximo da Páscoa).
Para aqueles que vinham à feira, muitas vezes desembarcados no esteiro de Estarreja e daí seguindo por estrada até aquela, a visita implicava almoçar numa das barracas ali existentes. O prato mais apetecido era a posta de vaca assada (marinhoa), à moda de Santo Amaro. E os que não tinham posses para a vaca assada contentavam-se com comprar o molho da carne metido no pão.
No ano de 1901 a Câmara de Estarreja resolveu extinguir outra feira vizinha, a dos 9 realizada na Areosa, e em simultâneo passar a feira de Santo Amaro para os dias 15 e 30 de cada mês (até então fazia-se só nos dias 15). A primeira vez que se fez feira no dia 30 foi em 30-9-1901. Para além dos dias 15 e 30, nas vésperas (dias 14 e 29) havia no mesmo lugar uma feira de gado lanígero.
Em alguns momentos do ano a feira de Santo Amaro ganhava maior dimensão. É o que se passava com a chamada feira de ano, que nos séculos XVIII e XIX seria talvez a 25 de Julho, e pelo menos desde o início do século XX fixou-se no 15 de Janeiro. A feira de 15 de Janeiro de 1963 teve alguns momentos de transmissão na RTP, ainda a televisão era coisa recente e rara. Mas a feira mais concorrida do ano era a de 15 de Novembro, a chamada feira dos cevados, pois nessa data vendiam-se muitos porcos para abastecer as salgadeiras durante o inverno.
Bastantes fotografias e alguns textos sobre esta feira desaparecida se podem ver no livro Memórias da Feira de Santo Amaro (1997, e reedição em 2008), de Sérgio Paulo Silva. A feira foi interrompida em 1984 (embora com protestos dos que a frequentavam) devido a um surto de peripneumonia no gado, que de igual modo colocou um ponto final noutras feiras por todo o país. As tentativas anos mais tarde para a sua reactivação não tiveram sucesso, persistindo apenas como recordação de tempos idos a feira de ano, que ainda se faz a 15 de Janeiro.
A feira tornou-se importante, a maior do concelho e uma das primeiras na sua região, nas transacções de gado (em particular o bovino) e mercadorias. Era considerada o principal destino dos vendedores de Aveiro em 1724, e o Recenseamento Geral dos Gados de 1870 apontava-a como uma das preferidas no distrito, para a transacção do gado bovino de raça marinhoa.
Os vários tipos de gado (para além de diversos bens), oriundos de diferentes regiões do país, transaccionavam-se principalmente de Novembro a Abril, segundo informa o Inquérito Industrial de 1865. Por seu turno, uma reportagem regionalista publicada num jornal nacional de 1927, informava que a feira de Santo Amaro fornecia então de carne bovina as cidades de Lisboa e Porto, entre Março e Abril (próximo da Páscoa).
Para aqueles que vinham à feira, muitas vezes desembarcados no esteiro de Estarreja e daí seguindo por estrada até aquela, a visita implicava almoçar numa das barracas ali existentes. O prato mais apetecido era a posta de vaca assada (marinhoa), à moda de Santo Amaro. E os que não tinham posses para a vaca assada contentavam-se com comprar o molho da carne metido no pão.
No ano de 1901 a Câmara de Estarreja resolveu extinguir outra feira vizinha, a dos 9 realizada na Areosa, e em simultâneo passar a feira de Santo Amaro para os dias 15 e 30 de cada mês (até então fazia-se só nos dias 15). A primeira vez que se fez feira no dia 30 foi em 30-9-1901. Para além dos dias 15 e 30, nas vésperas (dias 14 e 29) havia no mesmo lugar uma feira de gado lanígero.
Em alguns momentos do ano a feira de Santo Amaro ganhava maior dimensão. É o que se passava com a chamada feira de ano, que nos séculos XVIII e XIX seria talvez a 25 de Julho, e pelo menos desde o início do século XX fixou-se no 15 de Janeiro. A feira de 15 de Janeiro de 1963 teve alguns momentos de transmissão na RTP, ainda a televisão era coisa recente e rara. Mas a feira mais concorrida do ano era a de 15 de Novembro, a chamada feira dos cevados, pois nessa data vendiam-se muitos porcos para abastecer as salgadeiras durante o inverno.
Bastantes fotografias e alguns textos sobre esta feira desaparecida se podem ver no livro Memórias da Feira de Santo Amaro (1997, e reedição em 2008), de Sérgio Paulo Silva. A feira foi interrompida em 1984 (embora com protestos dos que a frequentavam) devido a um surto de peripneumonia no gado, que de igual modo colocou um ponto final noutras feiras por todo o país. As tentativas anos mais tarde para a sua reactivação não tiveram sucesso, persistindo apenas como recordação de tempos idos a feira de ano, que ainda se faz a 15 de Janeiro.
In O Jornal de Estarreja, n.º 4637, 14.12.2012, p. 2
Sem comentários:
Enviar um comentário