O mais popular dos santos populares
portugueses, ao Santo António são dedicadas as seguintes capelas, nos concelhos
de Estarreja e Murtosa:
1 – Em Avanca, no centro da
freguesia, capela pública fundada em 1526, que serviu transitoriamente de
igreja no século XVIII, enquanto esta se construiu;
2 – Em Beduído, a capela
principal da sede do concelho, na Praça Francisco Barbosa, tendo igualmente
existido outra particular com a mesma invocação no lugar de Beduído, no extremo
norte da freguesia com o mesmo nome, que já se conhecia em 1732;
3- Em Canelas, que era em 1721
pública e a única capela da freguesia, sendo reconstruída em 1898 pelo Pe. Dr.
António Domingues da Silva; há uma pequena capelinha particular ou alminhas com
a mesma invocação na Quinta da Carvalha;
4 – Em Fermelã, pequeno templo particular,
situado na Rua do Vale;
5 – Em Pardilhó, na Quinta do
Rezende e por este inaugurada em 1937, de certo modo substituindo a capela com
a mesma invovação, pública, que existiu no largo da igreja entre 1767 e 1926;
6 – Em Salreu, na EN109,
particular e construída cerca de 1721; outra particular na Boavista, talvez de
1898;
7 – Em Veiros, alminhas no Canedo,
particulares e construídas na década de 1970; é errada a invocação de Santo
António por vezes atribuída ao Senhor da Ribeira, pois é seu verdadeiro titular
Jesus Crucificado;
8 – No Bunheiro, particular, na
Rua Prof. Ruela Ramos, onde este viveu (Quinta da Formiga);
9 – No Monte da Murtosa, a igreja
paroquial, inaugurada em 1929, sendo antes titular da capela pública hoje dita
de Santa Luzia, que já existia em 1758.
No caso concreto da capela de
Santo António da Praça, isto é, a que existe na Praça Francisco Barbosa, centro
histórico e político-administrativo do concelho de Estarreja, estamos perante
uma reconstrução, que substituiu duas capelas mais antigas. A primeira situava-se
aproximadamente onde estão os actuais Paços do Concelho. Os mordomos da
confraria de Santo António da Praça peticionaram em 1733, ao bispo do Porto, a
transferência desta capela pública para Norte ou Nordeste da actual. Com a
justificação do seu estado degradado e para que os presos da cadeia pudessem
assistir à missa. Juntou-se entretanto aos mordomos Mateus Afonso Soares,
Desembargador e Corregedor do Cível da Casa da Relação do Porto, que ofereceu o
terreno e suportou a maior parte dos custos da construção. Mas reservando para
si alguns direitos, ainda que o templo continuasse considerado público. Colocaram-se
uma pedra de armas e legenda, as imagens de São Mateus e de Santa Brígida, que
ficaram honrando os nomes do Desembargador e sua esposa, senhores da Casa dos Morgados de Santo António da Praça,
hoje Casa da Cultura, com acesso privilegiado à capela.
Estava esta segunda capela em ruínas,
quando a Câmara Municipal de Estarreja, presidida pelo veirense Dr. João Carlos
d’Assis Pereira de Melo, promoveu a construção da terceira e actual. Ficou
concluída em 1881, como consta em inscrição colocada por cima da porta
principal. A sua edificação é coeva à construção da praça a que hoje chamamos
de Francisco Barbosa, realizada na década de 1870, mas afinal devida ao
referido Dr. Pereira de Melo. Com o advento da república o Estado nacionalizou
a capela, que ficou parcialmente destruída aquando da Monarquia do Norte (1919)
e foi entregue à Paróquia em 1942 e novamente em 1961. Fizeram-se ali obras por
ocasião das festas do 7.º centenário do Santo António, celebradas em Portugal
em 1931, altura em foram colocados na fachada os dois painéis de azulejo da
Fábrica do Outeiro (Águeda). As festas de Santo Anónio, que se deixaram de
fazer, foram reativadas em 1957, sendo-lhe dedicada uma peça de teatro original
no ano seguinte. Houve marchas luminosas, de organização popular, pela primeira
vez em 1961, mas não se fez festa no ano seguinte.
Por deliberação da Câmara
Municipal, datada de 21.12.1977, recaiu o feriado municipal sobre o dia de
Santo António, 13 de Junho. Mereceu a capela um grande restauro entre 1990 e
1991, dando-lhe o seu aspecto actual, sendo a sagração solene do altar feita a 13.10.1991,
pelo Bispo de Aveiro, D. António Marcelino. A autarquia promoveu em 1990 a Semana Cultural do Moliceiro, na altura
do Santo António, que se realizou por 4 anos seguidos, com um primeiro mercado
à moda antiga em 1991. A partir de 1994 os festejos passaram a ter um nome mais
sugestivo, Festas de Santo António e do
Concelho de Estarreja, e a sua organização foi conhecendo um progressivo
investimento municipal.
In O Jornal de Estarreja, n.º
4882, 29.5.2020, p. 12
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