Laceiras (Escola Domingos Joaquim da Silva). - O terreno para esta escola
foi comprado em 1902 pela Junta de Freguesia, com dinheiro de Domingos Joaquim
da Silva, futuro Visconde de Salreu (1907) (1). Encontrava-se em
construção em 1904 a
expensas do mesmo e orçada em 18.000$00 (2), destinando-se a ser oferecida
ao Estado. Compõe-se de dois andares e sótão, estando no r/c originalmente duas
amplas salas (masculina e feminina), e diversas outras dependências, incluindo
cozinha e sala de jantar (3). Parece que teve duas inaugurações
oficiais, uma primeira a 29.6.1907, com a presença de algumas individualidades (4),
e outra mais festiva em 15.9.1907 (5).
O Estado, no entanto, não tratou de preservar o
edifício, que em 1929 estava ao abandono, embora ali ensinassem e vivessem seis
professores, com a instrução na maior parte de Salreu confinada a pardieiros (6).
Na década de 50 funcionaram turmas masculinas, femininas e mistas (7).
Deve ter sofrido grandes reparos no início da década de 70 (8).
Picoto. - Em Julho de 1911 estava criada há meses, com casa e
mobília, para servir os lugares próximos da Senhora do Monte, mas ainda não
funcionando (9). Abriu por Novembro desse ano, sendo professor Clemente
Bandeira Ferraz (10). A escola foi mobiliada por António da Silva
Simões, sobrinho do Visconde de Salreu (11), e funcionava numa casa da
Carvalha, contando com 100 alunos (12). Quando António da Silva Simões
faleceu, em 1917, ainda não havia encerrado (13), tendo persistido pelo
menos até ao ano seguinte (14).
Senhora do Monte (Escola Visconde de Salreu). - O Visconde de Salreu estava
resolvido em 1929 a
dotar pela segunda vez a sua terra natal de um bom edifício escolar, que viesse
a servir o lugar do Picoto, fazendo-o situar na Senhora do Monte (15).
As obras, sob projecto do Arq. Manuel Joaquim Norte Júnior (16) e a cargo
de José Gomes da Silva Monteiro, de Espinho, iniciaram-se em 1931 (17),
vindo a inauguração a ocorrer a 8.1.1933 (18), após o que o edifício foi
doado ao Estado.
Porto de Baixo (Escola José Alberto de Oliveira
Canelas). -
Por falecimento de José Alberto de Oliveira Canelas com 11 ou 12 anos (19),
cuja mãe era de Salreu (20), o pai desgostoso (Mário Canelas) criou em
Lisboa, onde residia, com pessoas das suas relações um grupo de auxílio a
crianças pobres, que usou o nome “Grupo de Beneficência José Alberto de
Oliveira Canelas”. Constituído sob a forma de Fundação o grupo adquiriu em 1937
um terreno em Salreu, no Lugar de Porto de Baixo, destinado à construção de uma
escola (21), a qual foi inaugurada em 1938 (22).
No verão de 1940 a agremiação benemérita promoveu a 1.ª
Colónia de Férias de Salreu, juntando aos 54 alunos da sua escola nesta
freguesia cerca de 100 de outra que mantinha em Lisboa (23). Porque a
iniciativa correu bem repetiu-se no ano seguinte, vindo de Lisboa 120 crianças
por três semanas (24), seguindo-se 140 por um mês em 1944 (25),
200 em 1945 (26) e 150 em 1946 (27).
Ao todo o “Grupo de Beneficência José Alberto de
Oliveira Canelas” possuía uma escola (em casa arrendada) em Lisboa e outra em
Salreu, esta última com 52 rapazes em 1942, mas que antes do decreto da
separação dos sexos tivera também 12 raparigas. Pela mesma altura patrocinava
300 estudantes pobres doutros graus de ensino, planeava formar um Orfeão e
prestava diferentes auxílios em diversos locais do país. Para existir dependia
fundamentalmente dos sócios, que chegaram a ser 1200 (28). Com o rodar
dos anos o grupo foi esmorecendo, acabando por ser dissolvido pelo Ministério
do Interior em 1953, revertendo o seu património em favor da provedoria da Casa
Pia de Lisboa (29).
Vale Castanheiro (Escola Prof. Miguel Marques Lemos). - Inaugurada em 14.4.1989 pelo Ministro da Educação, Roberto Carneiro, e baptizada com o nome do Prof. Miguel Marques Lemos (1900-1977) (30). Funcionou pela última vez no ano lectivo 2006/7. O patrono da escola é um antigo professor de instrução primária em Salreu, agraciado em 1963 pelo Presidente da República com a Comenda da Instrução Pública (31).
Vale Castanheiro (Escola Prof. Miguel Marques Lemos). - Inaugurada em 14.4.1989 pelo Ministro da Educação, Roberto Carneiro, e baptizada com o nome do Prof. Miguel Marques Lemos (1900-1977) (30). Funcionou pela última vez no ano lectivo 2006/7. O patrono da escola é um antigo professor de instrução primária em Salreu, agraciado em 1963 pelo Presidente da República com a Comenda da Instrução Pública (31).
Postos escolares. - Criaram-se em 18.1.1952 postos escolares
mistos em Salreu e na Senhora do Monte (32), extinguindo-se o segundo em
1957 (33). Outro terá funcionado na década de 40 na Ladeira (34).
_________________________
(1). JE, n.º 2136, 31.3.1929, pp. 1-2
(2). CE, n.º 148, 6.8.1904, p. 1
(3). Mala da Europa, 13.9.1908, p. 1 (com foto)
(4). Correio da Manhã, 15.11.1927, p. 5; JE, n.º 2136,
31.3.1929, pp. 1-2
(5). JE, n.º 1055, 21.9.1907, pp. 1-2; é de
desconsiderar a data de 1909 fornecida pela Carta Educativa (p. 95); outra ref.
em CE, n.º 443, 26.3.1910, p. 2
(6). JE, n.º 2136, 31.3.1929, pp. 1-2
(7). JE, n.º 3008, 10.11.1957, p. 2; JE, n.º 3009, 25.11.1957, p. 1; JE, n.º
3052, 10.9.1959, p. 3
(8). CE, n.º 3408, 10.5.1969, p. 1
(9). JE, n.º 1245, 1.7.1911, p. 2
(10). JE, n.º 1266, 25.11.1911, p. 1
(11). Idem
(12). JE, n.º 1319, 7.12.1912, p. 2
(13). JE, n.º 1531, 28.1.1917, pp. 1-2
(14). Ecos do Antuã, n.º 44, 11.8.1918, p. 1
(15). JE, n.º 2169, 17.11.1929, p. 2
(16). JE, n.º 2324, 16.1.1933, pp. 1-2
(17). JE, n.º 2227, 4.1.1931, p. 2; JE, n.º 2238, 22.3.1931, p.2
(18). JE, n.º 2322, 27.12.1932, p. 2; JE, n.º 2324,
16.1.1933, pp. 1-2; não é correcta a data de 1935 na Carta Educativa (p.96)
(19). A idade varia consoante a fonte: JE, n.º 2619,
8.8.1941, p. 1 e JE, n.º 2634, 9.3.1942, p.2
(20). JE, n.º 2503, 20.1.1938, p. 2
(21). JE, n.º 2482, 10.6.1937, p.1
(22). JE, n.º 2503, 20.1.1938, p. 2
(23). JE, n.º 2591, 14.7.1940, p. 2.
(24). JE, n.º 2618, 24.7.1941, p. 2; JE, n.º 2634,
9.3.1942, p.2; JE, n.º 2620, 24.8.1941, p. 1, com foto das crianças na colónia
de férias de Salreu
(25). JE, n.º 2694 10.9.1944, p. 2
(26). JE, n.º 2716, 10.8.1945, p. 2
(27). JE, n.º 2740, 10.8.1946, p. 2
(28). JE, n.º 2619, 8.8.1941, p. 1; JE, n.º 2634, 9.3.1942, p.2
(29). JE, n.º 2896, 10.3.1953, p. 2
(30). JE, n.º 3668, 30.4.1989, p. 3; a Carta Educativa
indica a data correcta (p. 94)
(31). CE, n.º 3123, 15.6.1963, p. 1; CE, n.º 3776, 14.4.1977, p. 1; CE, n.º
3796, 30.10.1977, p. 8
(32). JE, n.º 2870, 10.2.1952, p. 1
(33). JE, n.º 3008, 10.11.1957, p. 2
(34). Grande Anuário..., 1944/5; Anuário Comercial de
Portugal, 1939 e 1950
In "História do ensino primário no concelho de Estarreja", Terras de Antuã, Câmara Municipal de Estarreja, I, 2007, pp. 187-189
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