quarta-feira, 9 de maio de 2012

História da Igreja em Pardilhó

No início do século XVI os portugueses e os espanhóis trouxeram da América o milho grosso, até então desconhecido na Europa. O novo cereal adaptou-se perfeitamente à região marinhoa, onde se insere Pardilhó, substituindo o trigo e aumentando bastante a produção, que por sua vez levou ao aumento populacional.

No fim do século XVI a população marinhoa era já suficiente para que se criassem novas igrejas, o que então aconteceu. Assim se autonomizaram de Avanca, mas sob tutela do seu Reitor, os curatos de Pardilhó e Bunheiro. Esta ordem manteve-se até 1833, ano da extinção dos padroados eclesiásticos em Portugal. A partir desta altura os curas de Pardilhó tornaram-se totalmente independentes do Reitor de Avanca, e passaram a usar também o título de Reitor.

A primeira igreja de S. Pedro de Pardilhó edificou-se no século XVII, possivelmente ampliando a capela anterior com a mesma invocação.

Ao longo do século XVIII seriam construídas as duas principais capelas do povoado. A primeira foi a de Nossa Senhora dos Remédios (1717), invocação local da Imaculada Conceição, e actualmente o edifício mais antigo que se conhece em Pardilhó. A segunda a de Santo António (1770-1926), que se situava no centro da freguesia, e foi sucedida por nova com o mesmo titular na Quinta do Rezende (1937).
Na actual igreja, que vinha sendo construída desde 1812, celebrou-se pela primeira vez com dois baptismos no dia de S. Pedro de 1835. Nesse mesmo ano o Cura passou a assinar os Registos Paroquiais como Pároco.


Enquanto antes se sepultava na igreja antiga, sepultou-se pela primeira vez no cemitério (o velho) em 1835. Talvez por a actual igreja ter aberto ao culto na mesma altura, e por isso não chegou a acolher enterramentos, manteve-se o piso original dividido em taburnos, que raras igrejas hoje possuem.

Em 1863 veio paroquiar a freguesia o Pe. Caetano de Pina Abreu Sá Freire, de Avanca, tio e padrinho de Egas Moniz, a quem educou na sua casa em Pardilhó. Este sacerdote havia antes sido Abade noutra paróquia, e preferia que o tratassem por Abade e não Reitor. Os párocos que o sucederem mantiveram o uso do tratamento de Abade, ao invés do que seria mais correcto de Reitor.

Um pardilhoense ascendeu ao episcopado no ano de 1931, pela primeira e única vez: D. Manuel Maria Ferreira da Silva (1888-1974), com os títulos de Bispo e Gurza (1931-1949) e Arcebispo de Cizico (1949-1974). Desempenhou funções de Cónego e Abade da Sé do Porto (1927-1931), Bispo Auxiliar de Goa (1931-1939, Índia), Superior Geral da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas (1940-1949, Cucujães), e Presidente Nacional das Obras Missionárias Pontifícias (1949-1973, Lisboa).

Pardilhó que desde o início da nacionalidade pertencera à Diocese do Porto, integrou a nova Diocese de Aveiro com a sua restauração em 1938. Na segunda metade do século XX desenvolveu-se na paróquia a Acção Social, principalmente ligada ao Centro Paroquial de Assistência, criado em 1962.


Entre 1967 e 1969 decorreram obras de remodelação da igreja e a construção de um Centro Infantil em terreno anexo. Desse espaço o Centro Paroquial mudou-se para novas instalações em 1999 (inauguradas em 2001), sitas na Quinta do Rezende, que permitiram ampliar o conjunto de valências sociais e o número de pessoas por estas abrangidas.

In Correio do Vouga, n.º 4022, 25.4.2012, p. 4

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