terça-feira, 17 de novembro de 2009

Para a história do Carnaval em Estarreja - Cortejo de Carnaval, no centro de Estarreja

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BATALHAS DE FLORES NO INÍCIO DO SÉC. XX

No início do século XX faziam-se Batalhas de Flores em Estarreja e noutras localidades, envolvendo-se as pessoas que seguiam nos carros alegóricos com a assistência da rua e das janelas das casas. Sabe-se destes cortejos pelo menos nos anos de 1903, 1911, 1912 e 1914, tendo-se realizado outros semelhantes em Pardilhó (1911 e 1912), Murtosa (1912) e na Ria (1911). Nesta época verifica-se alguma influência brasileira, pois parte dos promotores das Batalhas eram emigrantes de sucesso no Brasil. Na organização estiveram os clubes locais, alguns elementos da família Leite (Angelo Leite, Joaquim Maria Leite, João António Leite e Manuel Maria Leite) e José Gustavo de Sousa, entre outros.

Em paralelo o Carnaval era festejado com bailes nos clubes de Estarreja (Grémio, Club, CRE e mais tarde nos Bombeiros), Pardilhó e Murtosa, assim como em casas particulares.



GRANDES BATALHAS DE FLORES EM 1928 E 1929

Em 1928 realizaram-se cortejos com Batalhas de Flores no domingo e terça-feira, marcando presença carros e gente da terra e de fora, sendo muitos os forasteiros que vieram ver. Nunca o carnaval tinha sido tão grande em Estarreja. Participaram 30 carros alegóricos, numa Batalha de Flores em que também entravam serpentinas, confetti e lança-perfumes. Além disso houve bailes no Centro Recreativo e no Grémio de Estarreja.

Em 1929 os festejos decorreram nos mesmos termos, tendo-se anunciado a presença de 30 carros alegóricos e 100 particulares. A respeito de um baile de carnaval a realizar no CRE anunciava-se que «só podem tomar parte os sócios casados e as suas caras metades. As toilets das madames é de saia travadinha e a dos cavalheiros de calças largas… Não são permitidos namoros.»

Nestes dois anos a organização esteve a cargo de João de Pinho. Seguiu-se um periodo mais parado, só com alguns bailes nos clubes locais e nos Bombeiros, assim como a presença pontual de populares mascarados na rua.



CARNAVAL RENASCIDO EM 1968

Já sem Batalhas de Flores, o cortejo de Carnaval em Estarreja renasce em 1968, após longo interregno, pela mão de Manuel Marques Figueira e outros, sendo a partir daí organizado por uma comissão. Nesse ano houve bailes no Mercado Municipal e num armazém da Mercantil, acrescendo outros bailes nos anos seguintes. Foi também em 1968 a primeira marcha luminosa nocturna.

No Carnaval de 1973 projectou-se no cine-Teatro de Estarreja um filme com imagens de Estarreja e do Carnaval do ano anterior. Seriam com certeza imagens com muito interesse, mas não se sabe o que foi feito do filme.

Em 1974 e 1975 a organização esteve a cargo dos Bombeiros Voluntários, não se realizando o cortejo em 1976 dado o quadro político nacional menos propício.

A tradição foi retomada em 1977, timidamente, pois um só grupo saiu à rua, mas no ano seguinte já não faltavam participantes. Pelo caminho foram marcantes os bailes nos Bombeiros e os discursos dos reis do Carnaval. Em 1986 chegavam os primeiros reis mediáticos: Carlos Miguel (o “fininho” do 1 2 3) e a Miss Portugal/85. Mais tarde a eleição da Rainha teve grande competição entre as jovens de Estarreja. O Carnaval foi evoluindo, as Escolas de Samba e Grupos Apeados apareceram e desapareceram, a influência brasileira tornou-se cada vez mais presente.

Entretanto, o desfile infantil começou em 1985, as escolas de Avanca e Pardilhó tiveram a sua própria saída nas suas freguesias, e ainda hoje em Canelas a população sai à rua para fazer um cortejo do entrudo.

In "O Jornal de Estarreja", n.º 4466, 27.2.2009, p. 13
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