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2.º Conde de Azevedo (1905), Deputado (1908-1910), Senador (1918) e Ministro na Monarquia do Norte (1919)
n. 8.4.1875 (Estarreja); f. 20.9.1962 (Caldas de Vizela)
Pelo lado materno era sobrinho-neto do 1.º Visconde e 1.º Conde de Azevedo de quem, por falta de descendência, herdou o título. Seu pai foi Francisco Barbosa do Couto Cunha Sotto-Mayor, antigo presidente da Câmara de Estarreja que dá o nome à praça principal da sede do concelho e viveu na Casa da Fontinha, onde mais tarde veio a funcionar a Escola Industrial e Comercial de Estarreja, destruída por um incêndio a 13.1.1985.
Em 2.10.1891 matriculou-se em Direito em Coimbra e após a conclusão do curso viveu no Minho, onde era proprietário. Esteve no norte do país ligado a movimentos associativos referentes à pesca e à agricultura, do que era dinâmico entusiasta e publicista, podendo isto ter contribuído para a imagem de um potencial bom político.
D. Carlos concedeu-lhe o título de Conde de Azevedo por Decreto de 14.7.1905 [1]. Entre 1908-1910 foi deputado por Viana do Castelo, pautando a sua actividade parlamentar principalmente por questões relacionadas com a pesca. Com a proclamação da república exilou-se em Espanha, de onde regressou em 1914, continuando activo defensor dos seus ideais, inclusivamente como publicista. Aquando do governo de Sidónio Pais, mais favorável à presença monárquica, foi senador monárquico pelo Minho (1918).
Em Janeiro de 1919 deu-se uma revolução monárquica que ocupou o norte do país por um mês e constituiu governo provisório no Porto, no qual o Conde de Azevedo ficou encarregado de Ministro da Agricultura, Comércio, Indústria e Trabalho, tomando posse a 19 Janeiro. Estes ministérios instalaram-se numa dependência do Governo Civil do Porto a 25 de Janeiro [2], mas dias depois alojavam-se na Universidade do Porto [3], tendo o Conde de Azevedo ainda acumulado interinamente o Ministério e Secretaria de Estado da Instrução Pública e Belas Artes [4]. Com o insucesso do movimento revolucionário, que ficou conhecido por Monarquia do Norte ou Traulitânia, foi preso político [5], vindo a ser amnistiado em 1921. É de crer que fosse bem considerado mesmo pelos seus opositores, já que o poupavam as críticas feitas aos dirigentes monárquicos, na Monarquia do Norte e noutros momentos.
Embora afastado da política activa continuou a desenvolver actividade pública, por exemplo participando no 4.º Congresso Agrícola, realizado em 1927 nas Caldas da Rainha [6].
Colaborou na Revista de Ex-Libris e nos jornais Correio da Manhã, Dia, e Palavra, entre outros, assim como no dicionário geográfico Portugal e na GEPB.
Obras:
- “A Pesca e a Piscicultura em Portugal” (discurso proferido na Câmara dos Deputados), Lisboa, 1908
- “Cartas inéditas de Camilo ao Primeiro Conde de Azevedo”, Coimbra, 1927
Notas:
[1]. O que foi noticiado pela imprensa local: O Concelho de Estarreja, n.º 192, 10.6.1905, p. 1.
[2]. O Primeiro de Janeiro, 25.1.1919, p. 1; Jornal de Notícias, 28.1.1919, p. 1.
[2]. O Primeiro de Janeiro, 25.1.1919, p. 1; Jornal de Notícias, 28.1.1919, p. 1.
[3]. Jornal de Notícias, 29.1.1919, p. 1.
[4]. O Primeiro de Janeiro, 4.2.1919, p. 1; Diário de Notícias, 4.2.1919, p. 2.
[5]. No Porto e, mais tarde, transferido para Coimbra – O Jornal de Estarreja, n.º 1648, 1.6.1919, p. 3.
[6]. O Jornal de Estarreja, n.º 2033, 17.3.1927, p. 2.
Bibliografia e fontes:
AUC, Catálogo – Matrículas
http://genealogia.sapo.pt [3.12.2005]
Diário de Notícias, 4.2.1919, p. 2
Jornal de Notícias, 28.1.1919, p. 1; 29.1.1919, p. 1
O Primeiro de Janeiro, 25.1.1919, p. 1; e 4.2.1919, p. 1
O Concelho de Estarreja, n.º 192, 10.6.1905, p. 1
O Jornal de Estarreja, n.º 1614, 15.9.1918, p. 1 [com 1 foto]; n.º 1648, 1.6.1919, p. 3; n.º 2033, 17.3.1927, p. 2; n.º 4008, 22.1.1999, p. 12
CASTRO E SOLLA (Dir.), Conde de, ”Revista de Ex-Libris portugueses”, n.ºs 2 e 3, 1916, pp. 28-40 [fig. na p. 29]
GEPB, III, 915; e 1.º de Actualização, 764 [com 1 foto]
MÓNICA, Maria Filomena (coord.), “Dicionário biográfico parlamentar, 1834-1910”, vol. 1 (A-C), 2004, pp. 421-423
OLIVEIRA MARQUES, A. H. de (coord.), “Parlamentares e Ministros da 1.ª República (1910-1926)”, 2000, p. 123
ZÚQUETE (Dir. e Coord.), Afonso Eduardo Martins, “Armorial Lusitano”, 1961, pp. 71-72
ZÚQUETE (Dir., Coord. e Compil.), Afonso Eduardo Martins, “Nobreza de Portugal e do Brasil”, 3.ª ed., vol. II, 2000, pp. 362-363
LIMA, Campos, “O Reino da Traulitânia”, ed. Renascença Portuguesa, Porto, 1919, pp. 183-184
TAVARES Afonso e Cunha, José, “Francisco Barbosa do Couto Cunha Sotto-Maior”, 1996
TAVARES Afonso e Cunha, José, “Notas Marinhoas”, V, 1999, pp. 45-46
SOTTOMAYOR, António Pedro de, “Divagações a propósito de um velho retrato…”, Terras de Antuã, I, 2007, pp. 55, 57 [com foto] e 60
In “Monarquia do Norte [ou Traulitânia] – Ocupação monárquica de Estarreja (24.1.1919-11.2.1919)”, Terras de Antuã, II, 2008, pp. 81-102
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In “Monarquia do Norte [ou Traulitânia] – Ocupação monárquica de Estarreja (24.1.1919-11.2.1919)”, Terras de Antuã, II, 2008, pp. 81-102
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Embora considere que são aqui omitidos episódios menos abonatórios da vida deste senhor, apreciei bastante o texto por conter alguma informação, devidamente documentada, que eu desconhecia. Também devo fazer um outro reparo. Na frase "pelo lado materno era sobrinho-neto do 1.º Visconde e 1.º Conde de Azevedo de quem, por falta de descendência, herdou o título", em vez de "por falta de descendência" deveria estar escrito "por falta de sucessão", pois são coisas diferentes. Pelo que sei, o 1º Conde de Azevedo terá efectivamente deixado descendência, sem que esta lhe pudesse suceder.
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