Cavalos.
– A criação de éguas em Antuã é tão antiga que consta do testamento da Rainha
Santa Mafalda (1256). Além disso havia na Gelfa éguas e poldras em 1354. Na
Memória Paroquial de 1732, do Bunheiro, diz-se serem ali criadas éguas e bois, o
que significará uma maior importância das duas espécies em relação a outras.
Vaca Marinhoa. - A vaca da raça marinhoa, tal como a arouquesa, é originária da
mirandesa. A introdução de bovinos ter-se-á iniciado com o gado que descia as
serranias vizinhas, desde a Idade Média, para pastar nas terras baixas. Fala-se
em 1304 de abusos dos homens de Figueiredo sobre os de Antuã, trazendo aqueles
gados a pastar indevidamente nas terras de Antuã[1].
No Foral de Antuã (1519) encontram-se «gados
que uierem pastar alguns lugares» e no de Ovar (1514) há gado bovino da
Gelfa, sendo a este que principalmente se deve referir a expressão imprecisa
antes utilizada de «gados».
Continuando no séc. XVI, havia «gado, que
vinha pastar da serra de Arouca, de Albergaria, do Monte do Muro»[2],
e também gado indevidamente nas ilhas do Bunheiro[3].
No caso do Bunheiro a Memória Paroquial de 1732 diz criarem-se éguas e bois. A
criação de gado na região, em campos fechados que permitiam a deambulação dos
animais[4],
fazia-se preferencialmente em espaços como as ilhas da ria ou a Gelfa.
Porcos.
– Porcos ou partes destes eram frequente objecto de tributo. Assim sucede nas
inquirições de Antuã em 1220, na Murtosa (1294), Pardilhó (1346-1357) e
Bunheiro (1420).
Ovelhas e Cabras. – Hoje raros, os caprinos aparecem em Veiros
(1210/1250), nas inquirições de 1220 em Antuã, na Murtosa (1286 e 1294) e em
Pardilhó (1346-1357). Igualmente incomuns na actualidade, vão encontrar-se
ovelhas no Bunheiro (1420), e de forma generalizada na Marinha (1645)[5].
Galináceos. – Os galináceos constam nas inquirições de 1220 em Antuã.
Pagava-se como tributo galinhas em Pardilhó (1346-1357) e no Bunheiro (1420), e
frequentemente capões, como se vê em Veiros (1210/1250), Murtosa (1286 e 1294),
Bunheiro (1420) e Pardilhó (1346-1357).
Derivados.
– As inquirições de 1220 em Antuã revelam, além do evidente aproveitamento de
ovos, tributos em manteiga e queijo, e este último encontra-se no Bunheiro em
1420.
Além disso pagava-se foros em mel em Pardilhó
(1346-1357) e porventura noutras terras, assim como se encontra colmeias no
Couto de Antuã em 1674[6].
Animais selvagens. – Entre os abusos de que os homens de Antuã se
queixam de serem feitos pelos de Figueiredo, em 1304[7],
estão mencionadas matas para criação de porcos monteses, portanto destinadas à
caça. No Foral de Angeja (1514)[8]
indicam-se como animais selvagens porcos, coelhos, perdizes e veados, todos
pois objecto de caça. Na Gelfa, logo em 1283, havia coelhos. E as águias seriam
mais comuns, pois havia o topónimo Ninho de Águia em Veiros (1274) e ainda hoje
existe na Marinha de Ovar o de Aguieira.
[1] ANTT, Arouca, g. 1, m.
1, doc. 25. Publicado
por Dina C. F. S. ALMEIDA, “O Mosteiro cistercience de Arouca…”, 2003, apêndice
documental, pp. 74-75, doc. 46.
[2] Aires de AMORIM, “Para a
história de Ovar – O Cabido da Sé do Porto defende os limites…”, Aveiro e o Seu Distrito, VI, 1968.
[3] AUC, III-1.ºD-14-1-16.
[4] “Dicionário da História de
Portugal”, s. v. Pecuária.
[5] Nas Posturas da Câmara de
Estarreja de 1645 proíbe-se que se levem ovelhas à marinha, de Janeiro até
Outubro; cf. Eduardo COSTA, “Estarreja no Passado VIII – Antigas posturas da
Câmara de Estarreja”, O Jornal de
Estarreja, n.º 3317, 25.9.1970, p. 1, e na revista “Aveiro e o Seu
Distrito”, VIII, 1969.
[6] SIMÕES JÚNIOR, Arquivo do Distrito de Aveiro, XX, 1954,
pp. 114-115.
[7] ANTT, Arouca, g. 1, m. 1, doc. 25; publicado
por Dina C. F. S. ALMEIDA, “O Mosteiro cistercience de Arouca…”, 2003, apêndice
documental, pp. 74-75, doc. 46.
[8] Luís Fernando de Carvalho
DIAS, “Forais Manuelinos…”, p. 191.
In "A Terra Marinhoa na Idade Média", Junta de Freguesia de Veiros, 2010, pp. 26-27
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