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Camilo Tavares Mortágua, com origens na freguesia de Salreu e no vizinho concelho e Oliveira de Azeméis, acaba de apresentar publicamente o primeiro volume da sua auto-biografia, editada pela Esfera do Caos e sob o título “Andanças para a Liberdade”. O livro, que teve honras de notícia em página inteira no JN de 19 de Abril, retrata os primeiros anos de vida do autor (1934-1961), segundo o próprio «De Estarreja ao Santa Maria». Algumas semanas antes da publicação o autor teve a gentileza de me telefonar dando conta da saída próxima da sua auto-biografia, mostrando também interesse em ter apoio da Câmara Municipal para a apresentar em Estarreja.
Do livro consta o acontecimento marcante do assalto ao paquete português “Santa Maria”, em 1961, após ter levantado âncora da Venezuela. Esse episódio viria a dar origem ao filme “Santa Liberdade”, realizado por Margarita Ledo Andión. Verificando a abertura de Camilo Mortágua e da autarquia estarrejense, foi possível conseguir a sua projecção no Cine-Teatro de Estarreja, em Janeiro de 2006 (leia-se “O Jornal de Estarreja” da altura), o que decorreu com sala cheia. Nessa ocasião o revolucionário de Salreu e a realizadora estiveram presentes em Estarreja, para participar num diálogo com o público que assistiu ao filme.
É esperada para breve a saída de um segundo volume, abarcando o período de 1962 a 1977. Entre outros acontecimentos deverão constar, neste segundo volume, a participação do autor na organização revolucionária L. U. A. R. e o assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz (1967). Este assalto originou um processo com 23 arguidos, 113 testemunhas e 18 advogados, entre os quais Mário Soares e Salgado Zenha.
O ano de 2009 tem sido pleno de datas marcantes para a história de Estarreja, nos mais dos casos relacionadas com assuntos militares. Assim foi com os 90 anos da Monarquia do Norte (combate de Estarreja a 11 de Fevereiro) e os 200 anos das invasões francesas (massacre de Salreu a 16 de Abril). Junta-se agora a publicação da auto-biografia de Camilo Mortágua.
Assim se vai revelando a importância da história do concelho de Estarreja, que é afinal um factor central da identidade colectiva local. E não interessa apenas por razões turísticas ou sentimentais dos nossos conterrâneos, presentes ou emigrados. Na verdade é também chamada, a cada passo, a dar resposta a problemas de diferente densidade económica. Tal é o caso da Taxa dos Recursos Hídricos, assunto do momento em que as razões da história terão muito interesse para a razão dos lesados.
In O Jornal de Estarreja, n.º 4475, 1.5.2009, p. 5
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